"Edifica “Eu me regozijo muito no Senhor; a minha alma
se alegra no meu Deus. Pois Ele me cobriu com vestes de salvação e me envolveu
com o manto de retidão, como o noivo que se adorna com um turbante, e com a
noiva que se enfeita com as suas jóias”. Isaías 61:10.
Estava eu em um estabelecimento
comercial, quando me deparei com uma jovem irmã evangélica, pertencente à
Assembléia de Deus. Entre uma conversa e outra, a irmã externa seu desejo de
abandonar a denominação cristã da qual faz parte sob o pretexto de não suportar
as pressões exercidas sobre ela pelos líderes com relação ao seu visual,
especialmente no uso de certas roupas (segundo ela “discretas”).
Confidenciou-me a sua vontade em usar, por exemplo, uma calça comprida ou um
batom de tom suave, ao mesmo tempo, que me indagou sobre o meu comentário
relativo ao assunto.
Em seu famoso livro “Você é o que você
aparenta”, William Thourlby afirmou que “inconscientemente ou não o vestuário
revela um grupo de crenças sobre nós mesmos que queremos que o mundo creia”
(1980, pág.52). Tanto isso é verdade que grandes empresários hoje revelam uma
preocupação um tanto quanto exagerada com a importância da aparência, do se
vestir bem, como definidores para a comercialização dos seus produtos. A Bíblia
Sagrada também revela a importância do vestuário. Literal ou simbolicamente
podemos perceber através das numerosas histórias e versículos concernentes ao
adorno apropriado ou não.
As vestimentas são um testemunho
visível e silencioso de nossos valores morais. Digo isto para quem tem
condições de escolher a roupa que quer se vestir. Não que um traje elegante
represente uma pureza de espírito e uma honradez de caráter. Sabemos que muitas
pessoas de mau caráter se escondem por trás de um fino traje destacado
socialmente. Mas não é para essas pessoas a quem me dirijo; e sim, aos filhos
de DEUS; aos que possuem um traje espiritual incorruptível com os costumes
mundanos. Essas pessoas, diferentes das outras, devem expressar a sua Luz
através também de um vestir-se convenientemente. Afinal, ninguém deve se vestir
para agradar ao outro, mas para a glória e o louvor de DEUS. Quando uma pessoa
se sente à vontade para se vestir de qualquer jeito ou de uma maneira
extravagante, prova, no primeiro caso, o quanto DEUS não é valorizado em sua
vivência; e no segundo, revela uma imagem altamente egocêntrica (que gosta de
atrair a atenção para si). As roupas que usamos são importantes para os
cristãos porque servem de moldura para revelar a imagem d`Aquele a quem
servimos e fomos feitos à Sua semelhança. Se formos pensar cuidadosamente em
porquê fomos chamados por JESUS para ser “Luz do mundo” (Mateus 5:14),
concluiremos que o “ser luz” não está apenas na beleza de nossas atitudes, como
também em nossa aparência exterior.
A aparência do cristão serve para
diferenciá-lo do mundo e reflete o Senhor a quem ele profere. Aliás, não só as
roupas, como o nosso falar, o nosso caminhar, o nosso pensar e o nosso existir.
A questão do egocentrismo é mais séria do que parece: não só põe o “eu” em
relevância como estimula o pecado no outro. Isaías censura judias ricas por seu
orgulho evidenciado por se adornarem da cabeça aos pés com jóias cintilantes e
vestes caras. Elas seduziram os líderes, os quais eventualmente levaram a nação
à desobediência e castigo divino: “Diz o Senhor: visto que as filhas de Sião se
exaltam e andam de pescoço erguido, e têm olhares impudentes e, quando andam,
como que vão dançando, e fazendo retinir os ornamentos dos seus pés, o Senhor
fará tinhosa a cabeça das filhas de Sião, e o Senhor porá a descoberto a sua
nudez.
Naquele dia tirará o Senhor os seus
enfeites: os anéis dos artelhos, as toucas, os colares em forma de meia lua, os
brincos, os braceletes, os véus, os diademas, as cadeias dos artelhos, os
cintos, as caixinhas de perfume e os amuletos, os sinetes e os anéis pendentes
do nariz, os vestidos diáfanos (transparentes), os mantos, os xales, as bolsas,
os espelhos, as capinhas de linho, e as tiaras e os véus” (Isaías 3: 16-23).
Outra história bíblica vem do esforço
de Jezabel para induzir os israelitas à idolatria. A corrupção do seu coração é
revelada pela tentativa que fez em sua última hora de parecer sedutora,
pintando os seus olhos e adornando-se para a chegada do novo rei, Jeú: “Então
Jeú foi a Jezreel. Quando Jezabel o soube, pintou em volta dos olhos, enfeitou
a cabeça, e olhou pela janela” (2 Reis 9:30). Mas o rei não foi enganado e ela
morreu de uma morte desonrada. Por causa disto, seu nome tornou-se símbolo de
sedução na história do Livro Sagrado: “Mas tenho contra ti que toleras a
Jezabel, mulher que se diz profetiza. Com o seu ensino ela engana os meus
servos, seduzindo-os a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas aos
ídolos” (Apocalipse 2:20). Há muitos outros casos na Bíblia que poderiam ser
explicitados, como o de Ezequiel contra as mulheres Oolá e Oolibá; o de
Jeremias, que usou de uma alegoria para representar o abandono político a
Israel. Nesta alegoria achamos cosméticos e jóias que são usadas para seduzir
os homens à prática de adultério. Essas e outras experiências nos ensinam o
quanto o uso de adornos pode contribuir para uma rebelião com DEUS.
Em 1 Timóteo, o apóstolo Paulo nos faz
uma advertência: “quero que, do mesmo modo, as mulheres se ataviem (se
enfeitem) com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou
com ouro, ou pérolas, ou vestidos dispendiosos, mas (como convém a mulheres que
fazem profissão de servir a Deus) com boas obras” (2:9-10). Vestir-se
moderadamente implica em cobrir adequadamente as partes do corpo que possam
despertar impulsos sexuais no outro. DEUS nos convida a nos vestir modesta e
decentemente, não só para prevenir o pecado, como também, preservar a
intimidade. E quanto ao uso de calças compridas, não há problema algum desde
que o corte esteja estabelecido para qual sexo. Mulheres não devem vestir
roupas elaboradas exclusivamente para o uso masculino nem o contrário disso. O
objetivo é de manter a distinção dos sexos que foi estabelecida desde a criação
do mundo. Em Deuteronômio está escrito: “A mulher não usará roupa de homem, nem
o homem roupa de mulher, pois quem faz tal coisa é abominável ao Senhor teu
Deus” (22:5). A Bíblia não estabelece que tipos de roupas são de homens ou de
mulheres, mas nos ensina a respeitar a distinção de um sexo e outro.
O cristão precisa ter muito cuidado:
atualmente as modas lançadas tendem a abolir a distinção de homem e mulher.
Também não podemos nos conformar com os valores e estilos sociais. Outro dia
uma irmã ia passando em frente a um posto de gasolina vestida de saia colorida,
botas coloridas, blusa colorida, duas “marias chiquinhas” prendendo o cabelo e
a Bíblia embaixo do braço. Logo os bombeiros do posto gritavam para ela: “olha
lá a xuxinha indo à igreja!”. Observe o que escreveu Paulo à Igreja em Roma:
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus” (Romanos 12:2). É certo que há líderes religiosos impiedosos
hoje em dia recaindo em extremos perigosos, pondo um julgo pesado e uma
opressão desnecessária aos seus membros. Transformam a Casa de DEUS em empresas
de homens e tratam os filhos de DEUS como empregados desobedientes, que não
querem se adaptar ao fardamento profissional. Muitos não sabem nem dão a
importância de mostrar amorosamente o que a Bíblia ensina. O “vestir-se” não é
o principal exercício de santidade. JESUS pede um coração puro, um espírito quebrantado,
um caráter justo; e essas coisas não dependem das indumentárias exteriores. O
vestuário não faz o cristão, mas revela a sua identidade. As roupas não vão nem
levam ao inferno, mas além de expressarem o que somos para nós mesmos, a nossa
família e a nossa igreja, podem se tornar para o mundo mais um brilho
transformador de nosso testemunho e de como DEUS é glorificado em nossa vida.